“O mais recente relatório global do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima) foi publicado no início de agosto e apresentou evidências inequívocas das mudanças globais do clima causadas pelo homem. Eu fiquei pessoalmente sensibilizado com isso, e tenho certeza de que muitos de vocês também. As descobertas dos cientistas confirmam parte do que temíamos, mas apresentam também cenários de impactos adversos que vão muito além da imaginação.
Será que já ultrapassamos os limites do desespero? Não. O relatório do IPCC indica que ainda podemos alcançar a meta de 1,5°C, mas a otimização dos sistemas atuais não será suficiente. Será necessária uma mudança sistêmica em todos os níveis, desde o plano individual, até o plano comunitário, nacional, regional e global. De empresas a setores, cadeias de valor e mercados.
Já não temos mais soluções? Sim, temos. A verdadeira parceria público-privada será nossa ferramenta, combinada com a escolha de quem queremos ser, considerando as oportunidades disponíveis, ousando criar caminhos e agindo com rapidez, pois não há tempo a perder. Todos nós já estabelecemos metas, testamos novos modelos e transferimos os investimentos. Agora é o momento de expandir tudo isso, para que sejam a forma predominante de conduzirmos os negócios, governamos, trabalhamos juntos.
Já começamos a trabalhar com a ligação entre a desigualdade e a mudança climática. Duas importantes questões que muitas vezes são tratadas separadamente. Embora estejamos olhando para um sistema integrado, onde todas as ações têm consequências em diferentes pontos. O relatório do IPCC mostra mais uma vez que somos parte de um mesmo ecossistema, no qual somos responsáveis pela criação de um efeito cascata. Portanto, vamos começar com o que temos, onde estamos: essa ligação. É aí que precisamos cumprir o nosso papel. Estou confiante de que podemos transformar, trabalhando todos juntos para melhorar a subsistência e proteger nosso planeta: para enfrentar os desafios de nosso tempo. Esse é um caminho que iremos percorrer juntos.”
Compromissos de Mato Grosso para o Clima
Em dezembro de 2015, durante a Convenção do Clima em Paris (COP 21), o Governo de Mato Grosso lançou a Estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI) com uma série de compromissos para mitigar os efeitos das mudanças do clima no estado. A PCI foi construída conjuntamente com o setor privado e sociedade civil com metas para aumentar a eficiência da produção agropecuária e florestal, promover a conservação da vegetação nativa e a recomposição dos passivos ambientais, e apoiar a inclusão socioeconômica da agricultura familiar. O conjunto de metas da Estratégia tem potencial para atingir 6Gt em mitigação e remoções de CO2, mediante o controle do desmatamento e o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono.
Para acelerar o alcance desses objetivos foram criados Pactos Regionais PCI no Vale do Juruena, Sorriso e Barra do Garças, com metas semelhantes, assim como programas de assistência técnica cofinanciados pelo setor privado.
“Os esforços coordenados entre atores globais e locais são essenciais para redirecionar os fluxos financeiros em Mato Grosso na promoção de uma economia de baixo carbono. A Estratégia PCI, o Instituto PCI e os Pactos Regionais da PCI fornecem as condições e legitimidade necessários para a atração de investimentos e implementação de compromissos públicos e privados”, avalia Marcela Paranhos, especialista Global da IDH para Finanças e Carbono.
Ambas as iniciativas contribuem diretamente para as metas assumidas pelo governo brasileiro, perante o Acordo de Paris, no âmbito da ONU. A IDH já investiu cerca de 9 milhões de Euros em Mato Grosso nos últimos cinco anos, destinados à Estratégia PCI, Instituto PCI, dos Pactos Regionais e programas de assistência técnica.
