A produtora Rita Hachiya, do sítio Vila Láctea, localizado no município de Sorriso, fez história ao conseguir a primeira autorização para comercializar, em nível nacional, um produto alimentício artesanal: o queijo poranga. A certificação, denominada Selo Arte, foi emitida pelo Indea-MT (Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso) e atesta que o alimento foi elaborado de forma artesanal, respeitando as normas sanitárias, e com característica tradicional, regional e cultural.
A produtora, que começou a trabalhar com pecuária leiteira há 14 anos, foi se aperfeiçoando ao longo do tempo e fez da fabricação do queijo a única fonte de renda. “Eu percebi que precisava agregar valor ao meu produto para conseguir torná-lo mais rentável, pois já não era possível aumentar as horas de trabalho. Então, procurei melhorar a qualidade do leite e o queijo se tornou minha especialidade”, relata Rita.
Parte desse processo de evolução foi apoiado por um Programa de Microcrédito Rural Familiar, chamado Fundo de Aval, criado no município de Sorriso. O Fundo de Aval destina recursos para agricultores familiares por meio do fornecimento de garantias para operações de microcrédito com bancos comerciais e cooperativas de crédito. Os valores dos empréstimos podem variar de R$ 15 a R$ 30 mil reais por família com taxas de juros mais acessíveis.
Além de garantir as operações de crédito, os pequenos produtores, como a Rita, recebem apoio técnico e gerencial além de capacitação e acompanhamento periódico. O Fundo de Aval é resultado do projeto “Cultivando a Vida Sustentável”, realizado no município sob liderança do CAT Sorriso com financiamento da IDH, no âmbito do Pacto PCI. A parceria com a Prefeitura e Câmara Municipal permitiu a concretização do Programa como lei municipal. “Foi graças a esse recurso que eu consegui implementar diversas melhorias no sítio, como a ordenha mecânica”, exemplifica Rita.
Rita relata que o preço do quilo do queijo poranga é vendido acima da média de mercado, com valor agregado pela qualidade de todo o processo que envolve a sua fabricação.
Visitando o sítio Vila Láctea é fácil perceber os cuidados da produtora com questões de saneamento, bem-estar animal e sustentabilidade. As boas práticas vão além de alimento e água de qualidade e com utilização responsável dos recursos naturais. Incluem atividades que diminuem o estresse dos animais, como a disposição de bolas para os bezerros brincarem e massagem nas vacas.
Além disso, todo o processo desde a ordenha, armazenamento do leite até a fabricação do queijo é planejado e executado para garantir alta qualidade. “O primeiro requisito para trabalhar aqui é ter amor e saber tratar os animais. Depois vem a parte técnica, da lida no sítio mesmo. E tudo isso faz a diferença na qualidade do meu produto, que tem o reconhecimento dos clientes”, ressalta Rita.
Nas fotos abaixo: local da ordenha antes e despois do investimento feito com recursos do fundo de aval
A diretora executiva da IDH Brasil, Daniela Mariuzzo, reforça a importância de ações que diminuam as barreiras enfrentadas pelos produtores, principalmente quando geram resultados em cadeia. “Os pequenos produtores rurais enfrentam diversas dificuldades para conseguir crédito, expandir suas atividades, alcançar novos mercados consumidores. A IDH trabalha para encontrar e criar soluções que os apoiem nessa trajetória”, pontua Daniela. De acordo com o Indea-MT, além de queijo, o Selo Arte permite que produtos como embutidos, pescados e mel possam ser avaliados e recebam autorização para venda em todo o Brasil.
